- On 25/05/2016
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Wai-O-Tapu em Rotorua: O maior parque geotermal da Nova Zelândia
Wai-O-Tapu em Rotorua
Wai-O-Tapu, cuja tradução na língua maori, significa águas sagradas, é o maior e mais diversificado parque geotermal da Nova Zelândia. Localizado a cerca de 30 km do centro de Rotorua, o Waiotapu Thermal Wonderland é uma das atrações turísticas mais visitadas e populares de Rotorua.
Administrada desde 1931 pelo departamento de conservação da Nova Zelândia, a reserva cênica de Wai-O-Tapu cobre uma área total de aproximadamente 18 Km2 e está situada no interior da maior caldera (depressão) vulcânica da ativa região vulcânica de Taupo.
Embora apenas uma pequena fração desta reserva cênica seja aberta à visitação. Em Wai-O-Tapu, o visitante tem a chance de conhecer ínumeros tipos de atrações geotérmicas encontradas em outros poucos pontos específicos do planeta. Atrações estas que incluem, crateras colapsadas, piscinas borbulhantes de lama vulcânica, fumarolas, hotsprings coloridos e até geysers. Para quem nunca viu nada igual antes, o passeio é imperdível. Agora para quem conhece o Parque Nacional de Yellowstone ou a Islândia, este é um passeio digamos “just OK”. Mas que, mesmo assim ainda vale a pena fazer.
A região de Wai-O-Tapu tem uma paisagem formada por crateras, piscinas de água quente, lama fria ou fervente e por fumarolas de vapor. Estas manifestações geotérmicas estão associadas com a atividade vulcânica da região vulcânica de Taupo que se remonta a uns 160 mil anos, com as primeiras manifestações de atividades hidrotermais iniciadas há pelo menos uns 15 mil anos.
Algumas dessas crateras chegam a ter até 50 metros de diâmetro e 20 metros de profundidade. Embora algumas dessas crateras hoje não tenham mais água fervente em seu interior, a maioria contém extensivos depósitos de enxofre, formados por escapes de vapor sulfídrico ao longo dos anos.
A maioria destas crateras que podemos observar em Wai-O-Tapu foi formada nos últimos 700 anos pelo colapso da superfície do terreno que vem sendo progressivamente deteriorada pela acidez das águas que brotam dos mananciais geotérmicos subterrâneos.
Praticamente todas as crateras e lagos coloridos de Wai-O-Tapu têm o pH extremamente ácido e a temperatura acima de 50oC. A ampla gama de cores naturais que se observa em Wai-O-Tapu é devido a alguns elementos químicos dissolvidos na água.
Entre as cores predominantes e seus respectivos elementos temos:
Ao todo, Wai-O-Tapu conta com 3 circuitos diferentes nos quais o visitante é levado a conhecer cerca de 25 atrações diferentes. Cada qual com suas particulariedades e que são devidamente explicadas no mapa/folder que você recebe na entrada do parque. As trilhas na verdade são trajetos circulares e se complementam entre sí.
Lady Knox Geyser: O Geyser acidental de Rotorua
Uma das principais atrações de Waiotapu Thermal Wonderland, e que faz quase todo mundo visitar o local pela manhã é o Geyser Lady Knox. Um geyser que entra em erupção todos os dias as 10:15 da manhã mediante a indução de sua erupção.
Isso mesmo que você ouviu, o Lady Knox é um “geyser fake” que precisa de uma forcinha para funcionar.
Como Engenheiro Florestal por formação, eu achei muito mais legal a história de como eles descobriram que aquele hotspring poderia ser induzido a expelir água quente como um geyser do que a erupção do mesmo. Quer saber porque?
Bem, no início do século XX, o sistema prisional da Nova Zelândia adotou na região de Rotorua o primeiro modelo de regime semi aberto do país. Neste modelo, prisioneiros com bom comportamento poderiam ter suas penas reduzidas em 1 dia para 3 ou 5 dias trabalhados no plantio de florestas comerciais de pinus.
Enfim, além de resolver o problema da superlotação dos presídios e problemas associados a ele. O modelo, apesar de não ser mais usado hoje em dia, ainda aumentou consideravelmente a base florestal do país, tanto que o setor florestal da Nova Zelândia é hoje o terceiro mais importante na pauta de exportações do país.
A este ponto você deve estar se perguntando: O que isso tem a ver com a erupção do Geyser?? Eu explico!! Numa determinada ocasião, um dos detentos trabalhando no plantio das florestas, resolveu lavar suas roupas usando a água quente de um dos vários hotsprings existentes na região.
Acidentalmente, ele deixou uma pedra de sabão cair dentro da fonte de água quente e para sua surpresa dele e dos demais dententos que estavam com ele, alguns minutos depois, o hotspring comoçou a espirrar água para todo o lado.
Obviamente, a coincidência virou brincadeira e logo passou a ser o passatempo favorito dos detentos que trabalhavam na região. E logo acabaria se transformando numa atração turística da região.
E foi assim que, meio que por acaso, se descobriu que a erupção do hotspring poderia ser induzida com o uso de uma substancia que reduzisse a tensão superficial da água. Naquela época, o formato de vulcãozinho do geyser como vemos hoje ainda não existia.
De lá para cá, pedras foram sendo adicionadas na base do hotspring para diminuir a área de contato com o ar atmosférico e assim aumentar a pressão da erupção. Ao logo dos anos, a sílica e outros sais minerais que saem dissolvidos na àgua nessas erupções começou a se solidificar dando a forma de cone do geyser que vemos hoje no Lady Knox Geyser.
Ao contrário de antigamente, nos dias de hoje não se utiliza mais o bom e velho sabão de pedra e sim um tipo especial de sal que além de inofensivo ao meio ambiente, potencializa o espetáculo.
Como resultado o Lady Knox Geyser, batizado em homenagem a filha do XV Governador Geral da Nova Zelândia, a qual visitou o local em Maio de 1903, jorra água quente e vapor pelos ares por por alguns minutos, atingindo uma altura de até 20 metros, todos os dias pontualmente as 10:15 da manhã.
Terminado o show no Lady Knox Geyser siga de volta em direção ao estacionamento do centro de visitantes. Por sinal é lá onde você deve comprar o ingresso do parque antes de visitar o Lady Knox Geyser. O Lady Knox Geyser fica a uns +-3 km do centro de visitantes e você pode fazer esse trajeto de carro. Bastas seguir as placas.
Piscina de lama borbulhante em Wai-O-Tapu em Rotorua
No caminho de regresso ao centro de visitantes, aproveite para dar uma paradinha na piscina de lama borbulhante de Wai-O-Tapu. Uma das maiores do gênero na Nova Zelândia. Como sugere o seu nome, trata-se de uma grande piscina de lama em ebulição.
O Wai-O-tapu Mud Pool ocupa o local do que era anteriormente o maior vulcão de lama na Nova Zelândia. O cone original, presente até 1925, é agora preenchido com água e lama erodida da sua encosta.
Essas Mud Pools se formam quando o vapor e gás resultantes da atividade geotérmica sobe através do terreno e atingem lagoas de águas pluviais formando as piscinas de lama vulcânica. Isso porque, se as águas geotérmicas profundas são impedidas de alguma forma de alcançar a superfície rapidamente, eles podem ferver em altas profundidades, e a mistura de vapor e gases vulcânicos (principalmente dióxido de carbono e sulfeto de hidrogênio) vai subindo para a superfície num processo conhecido tecnicamente como um sistema geotérmico de ácido sulfato.
Os gases ácidos dessa reação por sua vez atacam as rochas da superfície, formando argila e o solo rico em argila misturado com a água da chuva produz lama. A lama, por sua vez é continuamente aquecida pelo vapor da atividade geotermal e como resultado as bolhas de vapor e gás sobem em direção à superfície e literalmente estouram.
Dependendo da época que você visita uma Mud Pool ela pode ter uma aparência completamente diferente de uma visita anterior. Isso porque as chuvas afetam a viscosidade da lama e aparência das Mud Pools. Em condições de seca, a lama é grossa e pegajosa, e pequenos vulcõezinhos de lama podem se formar. Já quando a pluviosidade é alta, a lama é muito mais fluida e a Mud-Pool parece mais com um caldo escuro de água fervente.
Visitando Wai-O-Tapu o maior parque geotermal da Nova Zelândia
Enfim, depois de visitar Lady Knox Geyser e a Mud Pool de Wai-O-Tapu siga para o centro de visitantes pegue uma mapa e comece a trilha para explorar as outras atrações do parque geotermal de Wai-O-Tapu. Ao todo existem 3 opções de trilhas, sendo que a mais fácil e curta delas tem 1,5 km e leva em média cerca de 30 minutos para ser visitada. Já a mais longa é cerca de 3x maior e leva a conhecer pelo menos 25 pontos de interesse.
Como visitamos Wai-O-Tapu em pelo menos 3 ou 4 oportunidades, acabamos fazendo o circuito completo em pelo menos 2 -3 visitas. E ao todo andamos cerca de pouco mais de 4 km em cerca de 2-3 horas de passeio.
Principais atrações do Wai-O-Tapu Thermal Wonderland
Devil’s Home (Casa do Diabo)
É o primeiro exemplo onde a acidez das águas que brotam de mananciais subterrâneos afetados pela atividade geotérmica causaram o um colapso da superfície do terreno.
Destaque:
Cristais de enxofre amarelo formado pelo esfriamento dos gases de enxofre
Rainbow Crater (Cratera do Arco-íris)
Possui esse nome devido ao colorido dos cristais de enxofre aderidos na parede da cratera e pela presença de óxido de ferro e de um mineral que lembra uma pedra pome.
Destaque:
Filme de óleo sobre a água fervente
Thunder Crater (Cratera do trovão)
A Cratera da Thunder Crater se formou 1968, no fundo é possível observar a água fervente em constante ebulição responsável pela formação da mesma.
Devil’s Ink Pots (Paleta de cores do Diabo)
Serie de poços de iodo e enxofre cujo nível flutua com as chuvas e a altura do lençol freático. Sua cor se deve por conter pequenas quantidades de grafites e petróleo crus levados a superfície pela força da água ao subir pelo perfil do solo pelo calor da atividade vulcânica.
Artist’s Pallette (Paleta do Artista)
Situado junto à principal atração de Wai-O-Tapu, a piscina de champagne, a paleta do artista combina diferentes cores que se encontram presentes nas piscinas de águas frias e quentes e nas fumarolas desta parte do parque. As cores da Artist’s Pallete mudam constantemente segundo os níveis de agua, a direção do vento e o transbordamento da Champagne Pool.
Opal Pool (Piscina de Opala)
A Opal Pool são hotsprings com águas com alto teor de enxofre.
Destaque:
Vista para os terraços e o vale
Crossing the Terrace on the Boardwalk (Cruzando o terraço numa passarela)
Uma experiência única em Waiotapu, uma passarela que cruza sobre este enorme terraço de sílica foi formado à partir da água e minerais que escorreram da Piscina de Champagne.
The Primrose Terrace (Terraço das prímulas)
A formação atual tem cerca de 700 anos e hoje é o maior terraço de sílica da Nova Zelândia, desde que a erupção do monte Tarawera em 1886 obliterou o Pink and White Terraces. Evento sobre o qual falei nesse post aqui.
Destaque:
Depósitos de silica
Jean Batten Geyser
Batizado com o nome da aviadora que nasceu em Rotorua e que ficou famosa por seus vôos solitários pioneiros pelo mundo. Jean Batten foi a primeira mulher a voar nos dois sentidos entre a Austrália e Inglaterra.
O geyser era conhecido por suas erupções de até 3 metros de altura, mas nos últimos anos não entrou mais em erupção.
The Sacred Track (Caminho Sagrado)
Parte da trilha que atravessa uma floresta de Pinus considerada sagrada por sua proximidade de um cemitério maori.
Destaque:
Vista panorâmica
Caminho de azaléas
Visual para o terraço das prímulas
Panoramic View (Vista Panorâmica)
Deste local se pode ver o vale de Wai-O-Tapu.. No primeiro plano é possível ver a cratera de Frying Pan Flat e as água azuis do Echo Lake. Um pouco mais longe, no horizonte, podemos avistar as águas verdes do lago Ngakoro.
Bridal Veil Falls (Cachoeira Veu de noiva)
As águas das Bridal Veil Falls marcam o fim do terraço de Sílica do Primrose terrace e estão parcialmente coloridas de amarelo pelo transbordamento da Opal Pools.
Wai-O-Tapu Geyser
O geyser tem erupção intermitente de até três metros de altura. O regime de erupção é de 2 a 36 horas.
Alum Cliffs
Um caminho sinuoso passa por uma encosta encrustrada de alumínio, o mineral aparece em alguns pontos das paredes da cratera que teve erupção a mais de 700 anos.
Frying Pan Flat
Se supõe que o Frying Pan Flat era uma antiga cratera que entrou em erupção à cerca de 2000 anos atrás. De piso instável, possui águas quentes borbulhantes e fumarolas. Atrai muitas aves que procuram alimento nas águas ricas em minerais.
Oyster Pool
Essa piscina está localizada num terreno instável, é possível vê-la desde uma passarela. Foi nomeada assim, devido sua forma distinta que lembra uma ostra (povo imaginativo esse).
Sulphur Cave (Caverna de Enxofre)
Desse ponto é possível admirar magníficos exemplos de dos cristais de enxofre que foram formados quando os gases quentes de enxofre se esfriaram na atmosfera.
Lake Ngakoro Waterfall (Cachoeira do Lago Ngakoro)
A atração mais longe do centro de visitantes não decepciona. Suas águas são de um verde esmeralda difícil de descrever. Do mirante construído no final da trilha temos uma vista para uma pequena cachoeira e na margem esqueda podemos observar vapores saindo da margem mostrando que a área ainda é geotermicamente ativa apesar de suas águas serem as mais frias de todo o parque.
Native Bush Walk (Passeio pela Floresta Nativa)
Essa parte da trilha atravessa uma florestinha de kanukas gigantes (leptospernum sp). O local proporciona habitat perfeito para os pássaros.
Destaques:
Pássaros
Árvores com vestígios enxofre, arsênico, tálio, antimônio
Sulphur Mounds
A trilha passa em frente do que parece ser um formigueiro, mas na verdade é um monte de enxofre que foi formado quando foi feita a drenagem da região para construção das trilhas na década de 50.
Champagne Pool
Este é o maior hotspring do parque geotermal de Wai-O-Tapu e lembra um pouco o lindíssimo Grand Prismatic Lake do Yellowstone. Com 65 metros de diâmetro e 62 metros de profundidade.
O lago tem uma temperatura média na superfície de 74o C e foi formado a cerca de 700 anos atrás após uma erupção. A cor de sua margens se deve a presença de bactérias extremófilas e minerais como ouro, prata, mercúrio, enxofre, arsênio, tálio e antimônio dissolvidos na água. A piscina de champanhe, tem pH médio de 2, o que é equivalente a o ácido sulfúrico puro.
Destaques:
Borda laranja
Cor verde da água
Borbulhas
Inferno Crater (Cratera do Inferno)
No fundo da cratera do inferno se encontra lama vulcânica fervente. Há relatos que numa época não muito distante a cratera teve erupções de até 20 metros de altura.
Bird’s Nest Crater
Recebe este nome por que algunspássaros constroem seus ninhos nas paredes da cratera.
Sulphur Cave Crater (Cratera da Caverna de Enxofre)
Os cristais de enxofre proporcionou formações belíssimas sobre as paredes da cratera e também ao redor dos orifícios. Essas formações são extremamente quebradiças e delicadas.
Devil’s Bath
Um lago com uma cor incrivelmente amarela/verde resultado da elevada concentração de enxofre e outros sais ferrosos dissolvidos em suas águas. Essa grande cratera está próxima a à um reflorestamento de pinus.
Sua cor varia dependendo da época do ano. Quanto mais verde a cor da água, mais arsênico ela contém.
Coordenada para o GPS:
Latitude | Longitude |
S 38 21.338 | E 176 22.064 |
Oscar,
Você que da para conhecer o waiotapu com um carrinho de bebê?
Grato,
Vinicius
Olá Vinicius.
Dá para conhecer sim… Na verdade o circuito mais curto é tranquilo (em vermelho no mapa que você pode ver ao longo do post ou aqui) No circuito amarelo e laranja existem algumas escadas que podem dificultar o passeio para vocês com carrinho.
Abs