Planejando visitar Nova York nos próximos meses? Então não deixe de conferir a maravilhosa exposição “Inventing Modern Art in Brazil” da Tarsila do Amaral no Museu de Arte Moderna de Nova York (MOMA).

A exposição que abriu ao público no dia 11 de Fevereiro fica em cartaz até dia 3 de Junho 2018. A mostra expõe um incrível acervo de mais de 130 objetos cuidadosamente amealhados pelo MOMA. Numa das mais importantes exposições já realizadas com obras da artista brasileira no exterior.

Com a frase “quero ser a pintora do meu país” que teria sido dita em 1923 pela própria Tarsila, o Museu de Arte Moderna de Nova York abre a exposição dedicada à ela com algumas das mais icônicas obras de Tarsila do Amaral (1886-1973).

A exposição é uma viagem de ida e volta entre São Paulo, seu estado natal, e Paris, onde a artista estudou na famosa escola internacional Académie Julian. Lá  aprendeu lições de André Lhote, Albert Gleizes e Fernand Léger e posteriormente misturou as ideias da arte moderna com a estética de seu país.

Quando terminou o experimento, ela tinha se tornado uma das pintoras mais importantes da história do Brasil e, por extensão, de toda a América Latina.

A exposição está fantástica e tem um gostinho todo especial para os brasileiros. Além disso é a primeira vez que a obra de Tarsila do Amaral é exposta numa exposição dedicada a ela nos Estados Unidos. E ter essa exposição acontecendo no MOMA é algo ainda mais especial.

Tarsila do Amaral já havia sido reconhecida na Europa, como quando a Fundação Juan March dedicou-lhe uma exposição em 2009, em Madri, que foi o grande sucesso naquela época na Europa. No entanto a exposição no MOMA é uma das poucas retrospectivas que mostram toda a obra e como sua linguagem visual amadureceu ao longo de sua carreira.

Dentre as inúmeras obras da artista em exposição no MOMA encontramos várias telas, esboços e gravuras de coleções particulares. Ou seja, aproveite a oportunidade de conhecer esses quadros antes que eles retornem aos respectivos donos.

Apesar de a grande maioria das obras da artista estarem espalhadas pelo Brasil. Esta é uma raríssima oportunidade de ver alguns dos mais icônicos quadros da artista como: o Abaporu e o operários lado a lado.

Um dos principais destaques da exposição talvez seja a sua obra mais famosa, o Abaporu. Avaliada entre 40 e 50 milhões de dólares, ela foi pintada em 1928 como um presente para o marido, o poeta Oswald de Andrade e hoje faz parte do Museu de Arte Latino Americana de Buenos Aires, o MALBA.

No Brasil, o quadro do Abaporu foi decisivo para o lugar que Tarsila ocuparia no imaginário coletivo. Acredita-se que o trabalho pretendia ser um símbolo de como a cultura brasileira ressurgia da “digestão” das influências externas.

O célebre sociólogo Sérgio Buarque de Holanda escolheu essa imagem para a capa de seu livro, Raízes do Brasil, ainda hoje o compêndio definitivo das psicoses do país. Oitenta e poucos anos depois e inúmeras edições com o Abaporu na capa depois, Tarsila é, por irremediável associação, a retratista oficial da alma brasileira.

Tarsila do Amaral ajudou a estabelecer a ideia de que o Brasil pode não ter uma grande tradição de criar tendências, mas pode absorvê-las antes e torná-las mais próprias do que ninguém, talvez a característica mais distintiva de sua cultura.

A mostra tem  também O Sono, um dos seus poucos flertes com o surrealismo.

A exposição também inclui a pintura Operários, a maior obra feita pela artista. A própria Tarsila a considerava como sua obra mais importante. Representa uma mudança radical em seu trabalho. Ela abandona o exercício formal da arte moderna. Para se tornar uma artista mais comprometida com o ativismo político e social.

É uma representação da sociedade brasileira moderna. Eu achei particularmente interessante a missigenação das raças retratadas nesse quadro.

A mostra de Tarsila do Amaral no Moma ainda conta com uma série de itens de memorabilia. As quais fará você provavelmente lembrar das suas aulas de história e literatura brasileira.

Itens como o catálogo da Semana da Arte Moderna de 1922, a revista Pau-Brasil, entre cartas, fotografias e outros itens que perteceram a artista.

Se você estiver vindo ou planejando uma viagem aos EUA até dia 03 de Junho, tente incluir Nova York no seu roteiro. A exposição está incrível!

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