Estive na Arab Street também conhecida como Kampong Glam na semana passada por duas oportunidades na primeira vez na quinta-feira, depois acabei voltando no Sábado com o Mau.
O Nome Kampong Glam deriva de duas palavras oriundas do Bahasa malaio, Kampong, que significa “vila” ou “assentamento”, e Glam (ou Gelam) refere-se a uma árvore uma espécie de Mirtácea (Melaleuca leucadendra), a mesma espécie que minha avó sempre falava que possui uma casca bem leve como cortiça e existe um exemplar dela dentro do estacionamento da agência central do Itaú em Joinville, que cresceu na área. Sua casca era utilizada por construtores de barcos na aldeia para calafetar seus barcos, enquanto suas folhas forneciam o óleo de cajuput (do malaio: minyak kayu puteh, ou madeira branca), engraçado que leucadendra do nome botânico tem o mesmo significado (Madeira Branca) que também pode ser usado para fins medicinais no tratamento de dores musculares, assim como problemas respiratórios.
Antes da colonização britânica em 1819, a área era o lar da aristocracia malaia de Singapura. E Tornou-se ainda mais importante e populoso depois da assinatura de um tratado entre a Companhia Britânica das Índias Orientais e o Sultão Hussein Shah de Johor e Temenggong Abdul Rahman em 1819. O que dava no âmbito do Tratado o direito à empresa de estabelecer um entreposto comercial em Singapura.
Ainda durante o início da história da colônia, no âmbito do Plano de Thomas Raffles de 1822, a colônia foi dividida de acordo com diferentes grupos étnicos que incluía a parte Européia da Cidade, a Parte Chinesa, a Parte dos Indianos e finalmente a Parte árabe-malaia nos kampongs e em Bugis. Kampong Glam foi então designada para o sultão e seus familiares, bem como para a comunidade árabe-malaia, dos quais muitos eram comerciantes. E hoje está localizada onde se conhece como Arab Street e arredores.
Enquanto o Temenggong e seus parentes fixaram residência em Telok Blangah. O Sultão Hussein, sua família e sua “corte” se instalaram em Kampong Glam. Como contra partida ao tratado, o sultão recebeu grandes áreas de terra para uso residencial em Kampong Glam. Estes terrenos acabaram sendo concedidos aos malaios e outros imigrantes muçulmanos que vieram para Singapura, incluindo os malaios de Malaca, os das ilhas de Java e Sumatra, na Indonésia.
No início do século XX, as atividades comerciais em Kampong Glam crescerem muito com varias lojas novas e edifícios residenciais foram construídos. Será que um dia a Orchard Road será como o Arab Street?
Uma comunidade multi-étnica foi aos pouco se desenvolvendo, compreendendo não só malaios e árabes, mas também os chineses e indianos. Mais tarde, devido a uma expansão das atividades comerciais e de um aumento de colonos imigrantes em Kampong Glam, os árabes começaram a migrar para outras áreas como Joo Chiat, Tanglin e Bukit Tunggal. Até o início dos anos 1920, muitos malaios também mudaram para Geylang Serai e Eunos Kampong.
Desde os anos 80, uma grande porção da área foi declarada Patrimônio Nacional e estão tombados ou protegidos para a conservação. Em 1989, Kampong Glam foi configurada como uma área de conservação pela Autoridade de planejamento Urbano de Singapura. Alguns dos locais conservados em Kampong Glam incluem a Mesquita do Sultão, o Hajjah Fátima Mesquita e o Istana Kampong Glam, o antigo palácio do sultão.
Como em breve será comemorado o feriado de Hari Raya algumas das ruas já estão enfeitadas com luzes e colunas que lembram uns minaretes.
No primeiro dia que fui acabei pegando uma super chuva no meio da visita, mas essas chuvas são esparsas e depois de uns 15 minutos ela passou sem maiores problemas, nesse meio tempo aproveitei e entrei em uma livraria, os livros em sua maioria eram em árabe e haviam vários livros do Alcorão sendo vendidos.
Ainda hoje, Kampong Glam ainda mantém fortes ligações étnicas com a comunidade, muçulmana especialmente a malaia e, as vezes é denominada como Bairro Muçulmano de Singapura, devido à sua história. A população muçulmana ainda tem uma presença bastante significativa em Kampong Glam, especialmente em Bussorah Street.
A área continua a ser um centro de atividades muçulmanas e a Mesquita do Sultão permanece como um importante marco e ponto de congregação para os muçulmanos que vivem em Singapura.
Como Chinatown e Little India, Kampong Glam também passou por reformas, restaurado, renovado e trazendo de volta a cor e vitalidade da área. Diversas lojas podem ser encontradas na Arab Street, Bagdad Street e Bussorah Street.
Muitas dessas casas hoje transformadas em lojas tem novos inquilinos como lojas e escritórios de design e as empresas de IT, galerias de arte, artesanato e objetos antigos, fornecedores de alimentos e restaurantes. Eles se misturam com as empresas tradicionais, como têxteis e de lojas de tapetes, ferreiros e lojas que vendem artigos religiosos usados pelos muçulmanos.
As Lojas de Tecido e essências dão um certo ar de noite nas arábias tipo 1001 noites, para completar as lojas de tapetes, bem que poderia existir os modelos voadores né?
Para dizer a verdade eu só havia ido la rapidamente uma única vez e tenho que fazer jus a verdade, o local é muito mais atrativo e melhor para se fazer compras que em Little India e Chinatown, já que esses dois são muito mais turísticos que o Árabe.
Estava andando e de repente encontro no meio do caminho uma loja especializada na venda de bichos de pelúcia, entre eles os da Steiff de Gingen na Alemanha, nunca pensei que encontraria uma loja desse genero num lugar como esse, o proprietário um Sr. Velhinho que parecia aqueles donos de loja de brinquedos como aperece em filmes tipo a fantastica loja de brinquedos.
Interessante também falar sobre as Madrassas de Singapura, recentemente li uma reportagem sobre elas no New York Times, falando que após começar o dia com orações e cânticos em homenagem profeta Maomé, os alunos das madrassas (escola muçulmana), aqui em Singapura, voltam-se para o secular.
Detalhe todos além dos ensinamentos do profeta estudam inglês, matemática e outras matérias do currículo nacional. O que é considerado um modelo progressista de educação islâmica afinado com o mundo moderno. Elas são o contraponto às várias madrassas tradicionais que enfatizam os estudos religiosos em detrimento de tudo o mais. Em vez de pregarem o radicalismo, os livros da escola elogiam a globalização e organizações internacionais como as Nações Unidas.
No Sábado nós entramos no Istana Kapong Glam onde era o antigo palácio do Sultão, hoje convertido em um centro cultural voltado para as tradiçoes fortemente ligadas ao Islamismo, entre as coisas que podemos ver ali estão artigos feitos em Batik, muito legal também saber que existe a possibilidade de se fazer um curso ali.
Não cheguei a entrar na mesquita, no primeiro dia havia ido de calça comprida justamente para visitar, mas em função do Ramada a mesquita estava fechada, passei uma calor infernal, e resolvi ir de bermuda mesmo no Sábado. Que por sinal estava ocorrendo uma feira de alimentos, apesar de ser Ramada, aqui ele não parece ser tão rigoroso como em outros países, ali além de comida Malaia, havia kebabs e Iftar.
Bem todo mundo sabe e até as lojas de souvenirs para turista vendem camisetas falando “Singapore the Fine City”Fine em inglês tem dois significados diferentes um que significa legal e o outro significado é multa, então só para ilustrar um exemplo no Brasil você faz uma obra e precisa de areia, você chama um caminhão e eles despeja a areia da caçamba na calcada, aqui isso é proibido, aqui a areia vem em um caminhão com guincho e coloca um enorme saco de areia na calçada, não sei se já cheguei a comentar isso antes mas aqui todo caminhão que sai de uma obra tem que lavar seus pneus para não sujar as ruas!! Pois é assim e Singapura, esse parece ter sido o jeito encontrado para educar os chineses, povo reconhecido mundo a fora pela sua falta de educação.
Ao final de nossa visita no Sábado seguimos caminhando até a Bugis Street, onde aproveitamos para conhecer um outro novo shopping de Singapura o Iluma, super interessante com um design bastante arrojado, uma vez pegando um táxi o taxista falou que o cinema desse novo shopping era muito bom, mas não tinha nenhum filme que a gente queria assistir naquela hora, pegamos o MRT por uma estação até o City Hall onde aproveitamos para ir ao Funan comprar papel para imprimir algumas fotos, bem como a gente esta indo para os EUA, nem tem mais tanta graça ir lá já que nos EUA os preços são ainda melhores, mas ainda sim esse final de semana iremos encarar nossa ultima IT fair no Suntec City.
Na saída do Funan tentamos achar a loja que falaram para gente que vendia chocolates e bolachas do Brasil em Singapura, acabamos encontrando ela no Península Plaza, e haviam vários produtos Brasileiros mas sem duvida o que mais assusta são os preços, que são muito mais em conta que os preços praticados no Brasil, a Barra de Chocolate da Nestlé sendo vendida a SGD2.05 isso são cerca de BRL2.70. Além disso encontramos Negresco, Bono, Deditos e até Barras de chocolate não tão fácil de encontrar como o Alpino e o Diplomata da Nestle, resultado fizemos um estoque que vai até seguir com a gente na bagagem de mão para os EUA.
Voltamos para casa de Táxi, por sinal um táxi da KIA que a gente nunca tinha andado antes, mas bem bom. Como agora estou com visto de turista e temos que viajar mais uma vez antes de nossa mudança, estávamos bem afim de ir para o norte da Tailândia para a região de Chiang Maio, la perto inclusive vivem aquelas mulheres girafas que colocam as argolas de metal no pescoço, mas como ainda é época de chuvas e as passagens com a Silkair e Thai airways são absurdamente caras e apesar de a viagem de trem ser legal, não teríamos tempo para fazer isso em 4 dias, sendo assim, resolvemos voltar a Kuala Lumpur mais uma vez, lá foi nossa primeira viagem quando chegamos em Singapura e agora será a ultima também. Pelo menos desta vez teremos 4 dias e poderemos conhecer mais coisas e talvez iremos até o Cameron Highlands.
Por falar em visto, nosso visto para os EUA está quase 100%, a boa noticia é que não terei problemas para entrar no pais, como foi aqui em Singapura, apesar de não receber o melhor visto que seria o L2 como dependendo do L1 o visto do Maurício que permitiria eu trabalhar lá sem problema algum, pelo visto vou receber o B2, mas lá poderei achar algo para estudar, enfim sempre se da um jeito o que importa é estar lá. Mas o que é muita sacanagem são as taxas cobradas para a obtenção do visto. No meu caso visto B2 o valor atual para o Non-Immigrant Visa é SGD 183,40. Que devem ser pagos no momento da entrevista, além disso também teremos que pagar uma taxa de reciprocidade USD 60. Detalhe não aceitam nenhum modo diferente de pagamento que não for em espécie. Para o caso do Mau além dos SGD 183,40, a taxa de reciprocidade no caso do visto tipo L1 é de USD 100.
Mais ainda não contente com as taxas a serem pagas existe para o caso do passaporte Brasileiro o pagamento de uma taxinha extra de apenas USD 500, numa chamada taxa anti-fraude. É fogo ter passaporte Brasileiro uma hora dessas, de toda forma liguei hoje aqui na Embaixada do Brasil e eles desconhecem e não aplicam reciprocidade neste caso, então fui aconselhado a pegar os comprovantes de pagamento e depois que conseguir o visto mandar para a embaixada para eles encaminhar o caso para Brasília, caso seja constatado alguma irregularidade o Brasil poderá aplicar reciprocidade também nestes casos, uma coisa é fato a gente vai ter que pagar esse valor e pronto fazendo as contas aqui isso no cambio de hoje são apenas BRL1.680,98, fala sério, não é um absurdo??
Menos mal que estamos num lugar que tem embaixada se fosse em Curitiba ainda teríamos que pagar a viagem até São Paulo. Bem nossa entrevista lá está marcada para o próximo dia 30 no final do mes pela manha, agora entendo porque a embaixada americana aqui parece uma fortaleza, aquilo é uma verdadeira caixa forte, imagine se tem fila de 20 dias para entrevista quanta gente nao está pagando pelo menos SGD183.40.
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Como sempre, mais um posting super detalhado! Muito bom! Nesse fim de semana fui pela primeira vez ao Souq Waqif, o maior mercado aberto de Doha, e adorei - também há vários tapetes, especiarias, tecidos... Quando o calor aqui diminuir voltarei outras vezes para explorar melhor!