Construída entre 1909 e 1910 pelo magnata e filantropo Alfred Iréneé du Pont. Nemours Mansion and Gardens em Wilmington Delaware é uma das 10 maiores mansões contruídas nos EUA até a primeira metade do século XX. Suntuosa e requintada, Nemours foi projetada para imitar um castelo de Luís XVI. E foi batizada em homenagem ao vilarejo de onde o patriarca da família du Pont emigrou da França para os Estados Unidos em 1799.
A mansão que originalmente ocupava uma propriedade de mais de 300 hectares, hoje ocupa um terreno de aproximadamente de 120 hectares. Destes, a metade é ocupada por belíssimos bosques de carvalhos, maples e tulip trees. Já a outra metade divide espaço com jardins formais franceses, conservatórios e fontes, que são primorosamente cultivados para expressar a elegância do velho mundo.
Apesar dos belíssimos jardins, a grande atração de Nemours Mansion and Gardens é seu magnífico “chateau”. Com aproximadamente 4500 metros quadrados de área construída. Ele foi inspirado no Petit Trianon de Versailles e projetado pela Carrère & Hastings de Nova York. O mesmo escritório de arquitetura responsável pela Biblioteca Pública de Nova York, a Frick Collection e vários outros edifícios Beaux Arts nos EUA.
Distribuídos em 5 andares, Nemours mansion conta com 105 aposentos que abrigam uma rica e extensa coleção de antiguidades, raros tapetes orientais, artigos decorativos de época. Muitos dos quais perteceram a várias casas reais européias. Além de várias pinturas que datam desde o século XV.
Além disso, a construção de Nemours Mansion incorporou muitas inovações do início do século XX. Construída em apenas 18 meses, a mansão foi uma das primeiras casas com energia elétrica de Delaware. Além disso contava com sistemas de aspirador de pó central, máquina de fazer gelo, sistema de aquecimento central, pista de boliche automatizada e afins.
Visitas guiadas são a única maneira de conhecer a propriedade que hoje é administrada de Nemours foundation. Com um mínimo de duas horas de duração, as excursões incluem visitas a uma série de aposentos da mansão, seguidas por um passeio de ônibus pelos jardins. Você também poderá explorar a área externa a sua vontade. E não deixe de conhecer a coleção de carros antigos da propriedade.
Ao final da visita, os visitantes sairão com uma noção vívida do que foi viver em grande estilo no início do século XX.
Apesar de Delaware ser o segundo menor estado americano em extensão territorial, o estado historicamente sempre desempenhou um papel de grande destaque na política e economia dos EUA.
Politicamente falando, Delaware foi o primeiro estado a ratificar a constituição americana em 7 de Dezembro de 1787. O que lhe confere o apelido de First State. Além disso, num exemplo mais recente desta importância política. Temos Joe Biden, ex-senador pelo estado, e ex vice-presidente dos EUA ao lado de Barack Obama.
Economicamente falando, além de ser a sede jurídica de mais de 250.000 empresas e grandes coporações. Delaware é também o berço da du Pont, uma das 3 maiores indústrias químicas do mundo.
E foi às margens do Rio Brandywine em Wilmington que Eleuthére Irénée du Pont de Nemours, um imigrante de origem francesa que trabalhou como aprendiz de químico no laboratório de Antoine-Laurent Lavoisier na França, construiu sua fábrica de pólvora.
Um negócio que passaria por altos e baixos ao longo de gerações, mas que transformaria sua família e seus descendentes, numa das mais ricas famílias dos EUA até a primeira metade do século XX.
O reflexo desta riqueza pode ser facilmente vista pela região do Brandywine Valley. Tanto que a região é conhecida como o Vale do Loire americano. Por exemplo, das 10 maiores mansões construídas nos EUA até a primeira metade do século XX, duas delas encontram-se em Delaware. A maior de todas, o Winterthur Country Estate com 175 aposentos, já foi retratada algumas outras vezes no meu Blog pessoal.
Alfred I. du Pont pertenceu à quarta geração dos du Pont’s nos EUA. Nascido em 1864, Alfred desde muito cedo trabalhou nos negócios da família. Órfão de pai e mãe aos 13 anos de idade, conhecia como ninguém o processo de fabricação de pólvora e explosivos.
Aos 25 anos de idade passou a ser sócio minoritário da empresa, controlada por alguns de seus tios. Dois anos antes Alfred, casaria-se com sua primeira esposa, Bessy Gardner,uma prima distante com quem teve 4 filhos.
O divórcio da primeira esposa, e a construção do Nemours foi obviamente reprovada por toda a família du Pont. E o desconforto entre os primos, sócios da empresa, viria a se tornar uma “guerra” em 1915, quandoColeman du Pont, sem vocação para os negócios e com problemas de saúde, resolve desistir da sociedade e resolve vender sua participação na empresa.
Coleman vende algumas ações para alguns funcionários e oferece o restante para os seus primos. Alfred não aceita o valor da proposta de venda de Coleman e Pierre, compra toda participação de Coleman na empresa nas costas de Alfred. Com a transação, Pierre S. Du Pont se tornaria o acionista majoritáriocom quase 2/3 da empresa.
Ainda no porão da casa, encontramos uma unidade de engarrafamento e gaseificação de água mineral, quando ia viajar, Alfred só tomava água engarrafada da fonte de sua casa. Coisas de rico excêntrico.
Mas uma das coisas mais surpreendentes para uma casa construída no início do século passado é o fato dela já contar com uma academia, 2 pistas de boliche, 4 mesas de bilhar e uma sala de projeção de filmes.O porão da casa era digamos o mundo particular de Alfred, que além de tudo adorava colecionar objetos e armas de guerra.
A decoração da casa, fora do basement, lembra muito um castelo europeu, e de fato no interior da residência encontramos diversas relíquias que perteceram a algumas das mais tradicionais casas reais da Europa.
Dentre os vários objetos ali dispostos, dois objetos merecem destaque especial. Um carrilhão alemão fabricado na Floresta Negra e que fica logo na entrada da casa, segundo a guia que nos acompanhou, ele foi especialmente encomendado para Maria Antonieta. Porém ele nunca chegou a ser usado pela dona. Afinal de contas, ela perdeu a cabeça no sentido literal da palavra antes de usar o novo brinquedo.
Deste mesmo palácio também existem algumas esculturas no jardim que lembram umas ânforas que foram trazidas de lá também.
Outra relíquia da mansão são o Russian e English Gates. O primeiro é um portão de ferro em estilo barroco francês que perteceu a Catarina II, a grande (1729-1796). E adornava o palácio imperial russo em St. Petersburgo na Rússia antes de ser trazido para os EUA na primeira metade do século XX após a revolução russa de 1917.
O segundo, mais antigo ainda, foi feito em 1448 por ordem de Henrique VIII da Inglaterra para Wimbledon Manor, residência que o monarca deu para sua esposa que coincidentemente também se chamava Catherine.
Além da mansão em si, a grande atração do local são os jardins. A vista na entrada da mansão é deslumbrante. Repleto de fontes, estatuas de mármore uma caminhada pelo jardim é um convite a fotos legais.
Encerrando a visita, o visitante é levado até o Chouffers Garage, onde além de uma pequena oficina, encontramos 4 relíquias automotivas que pertenceram a Alfred e Jessie, entre 2 Rolls Royces.
O Nemours Mansion & Garden abre ao público entre 01 de Maio e 30 de Dezembro, fechando todas as segundas feiras, thanksgiving e matal e também entre os dias 04 de Novembro e 09 de Novembro.
O tour pela mansão e pelos jardins + garagem leva ao todo aproximadamente 3 horas.O custo da visita é de 18 USD. Até 2012 os visitantes tinham que ter pelo menos 12 anos de idade. O estado de Delaware entrou na justiça contra essa decisão e hoje crianças de qualquer idade podem visitar o local
De Terça a Sábado os tours guiados são oferecidos as 09:00, 12:00 e 15:00. Aos domingos apenas as 12:00 e 15:00
Entre 10 de Novembro e 30 de Dezembro existe o tour especial de Natal
Toda vez que você reserva algo por algum link aqui do blog, recebemos uma pequena comissão. Você não paga nada a mais por isso e ainda ajuda o blog a se manter sempre atualizado e com novas dicas de viagem. Obrigado!!
Post Originalmente publicado no www.mauoscar.com e atualizado de acordo com a visita realizada em Junho 2018
Veja os comentários
Olá!
Adoro o blog de vocês!
Sigo as dicas a risca: Este mês de junho/julho ficarei um mês em Boston ( meu marido está este ano no MIT ); ano passado Philadelfia, enfim...
Meu marido em dois anos se aposentará e quer morar nos EUA - ele é pesquisador e pode ter vinculo de emprego ( tem oportunidade ) e estamos escolhendo um lugar. Temos uma filha de 3 anos de idade e o estudo é muito importante.
Como adoro vcs e suas dicas onde me sugerem?
Provavelmente ano que vem iremos a North Caroline pq parece que é um bom lugar para morar. Vcs conhecem?
Interessante como é a vida, encontrei o blog pesquisando dicas de viegem e gosto tanto de vcs que parecem que os conheço, vcs tem cara " do bem".
Enfim...
Pode responder direto para o e-mail.
beijos,
Cláudia
Se pudesse escolher um lugar para morar nos EUA, provavelmente este lugar seria a Califórnia ou Hawaii. No caso da Califórnia, o único problema de lá, na minha opinião, são os terremotos, altos impostos e transito em algumas cidades. Sendo seu marido pesquisador o estado oferece excelentes universidades e oportunidades para ele, sem falar que além do clima excelente as paisagens de lá são incríveis. Bem já o Hawaii é tudo de bom, apesar do seu isolamento geográfico.
Porém depois de morar aqui em Delaware e agora em Nova York, eu também consideraria morar por aqui quando nos aposentarmos. O estado além de extremamente bem localizado entre Washington e NY tem um dos melhores índices de qualidade de vida dos EUA. Agora as opções de trabalho para seu marido ficariam restritas a Universidade de Delaware ou alguma universidade de Philadelphia se ele não puder trabalhar remotamente.
Conhecemos um pouco da porção oeste da Carolina do Norte, mais especificamente a cidade de Ashville.. Tenho que dizer que gostei, apesar do calor de quase 45C que pagamos por lá. Tenho um grande amigo que mora em Charlotte e adora.
Espero ter ajudado
Bjs
?
Muito interessante, sempre viajo e aprendo com os posts de vocês! Parabéns Oscar seus textos e suas fotos são impecáveis.
Abs
Jussara
Que Legal que você gostou ? Obrigado pelos elogios
Bjs
O Post está lindo e extremamente interessante além de detalhar a visita com tamanha precisão dá para embarcar com você nestas visitas. Amei a biografia de Alfred I du Pont, além de ser um visionario tinha muito bom gosto e era uma pessoa de um altruísmo enorme.
Beijos de sua fã número 1
Obrigado ? Pena que quando você veio nos visitar não deu para visitar a casa que fecha do final de Dezembro até início de Abril.