- On 03/11/2009
- In Alemanha Buchenwald Europa
- Tags: 2 Guerra Mundial, Alemanha, Buchenwald, Campo de Concentracao, Destino RBBV, Floresta, Frankfurt, Genocídio, GPS, Holocausto, Judeus, Munique, Nazismo, Outono, Socialismo, Weimar
Horrores de Buchenwald
Depois de cerca de 11 horas e meia de Vôo saindo de Singapura, chegamos a Frankfurt no inicio da manha, não preciso nem comentar que a experiência do vôo em classe executiva com a Singapore Airlines foi simplesmente fantástica, gostaria que viajar de avião fosse sempre assim.
Passamos pela imigração alemã sem maiores problemas, como nós viemos de classe executiva, nossas malas foram uma das primeiras a aparecer na esteira, mas ainda sim tivemos que esperar cerca de 10-15 minutos, já sentindo saudades de Singapura e do Changi Airport, o Aeroporto de Frankfurt é um lixo comparado com o de Singapura.
Fomos então ao balcão das empresas de aluguel de carro, embora já estivéssemos com a reserva feita aproveitamos para dar uma última pesquisada para ver se não conseguíamos uma oferta de ultima hora, mas acabamos pegando o carro da AVIS mesmo, na verdade queríamos um Passat Variant, mas não havia nenhum disponível, então acabamos pegando um Opel Insígnia Sport Tourer, a principio ficamos um pouco chateados, mas depois de um tempo simplesmente amamos o carro.
Quando finalmente saímos do aeroporto o dia estava começando a amanhecer, havia uma densa neblina, e até aprendermos a mexer em todas a funcionalidades do carro entre elas o GPS levamos quase uns 20 minutos.
Logo depois de vencida esta etapa, aprender a mexer no carro depois de quase um ano sem dirigir não foi uma tarefa das mais fáceis. Além disso apesar de não dirigir em Singapura o cérebro parecia ter se acostumado com a mão inglesa, colocamos então nossa primeira parada no GPS, o Campo de Concentração de Buchenwald nos arredores de Weimar no estado da Turíngia.
Até lá foram cerca de 290 Km que fizemos em cerca de 3 horas, uma vez que pegamos um pouco de transito pela manha, boa parte do trajeto foi sob neblina densa, mas a medida que o dia clareava a neblina se dissipava. Por ser Outono a floresta em torno da estrada estava super bonita.
Como ainda iríamos passar por Wittemberg e seguiríamos até Potsdam não tivemos tempo para passar por Weimar, embora visitar um ex campo de concentração pareça algo macabro, acho importante visitar um lugar desses pois somente vendo em loco as coisas é que podemos ter uma real noção daquilo que aconteceu, e que uns e outros negam ter existido.
A cidade de Weimar conhecida, acima de tudo, por seus monumentos, como a Casa Goethe ou a Biblioteca Anna Amália e considerada a capital europeia da cultura em 1999, fica a exatos 15 minutos de carro de um dos capítulos mais negros da história alemã e é hoje simbolizado por uma enorme torre e por um sino, que assim que chegamos ainda estava envolta por uma densa neblina.
Esta foi a segunda vez que estava indo visitar este campo de concentraçao, a primeira delas foi durante o inverno com um frio de uns -8º C tudo branquinho e ainda envolto por neblina, que deixava o local com uma atmosfera ainda mais aterrorizante.
O campo de concentração de Buchenwald foi criado pelos nazistas em 1937 no alto de uma montanha chamada Etterberg, nas imediações de Weimar. Sendo este o terceiro campo de concentração construído pelo regime de Hitler, após Dachau próximo a Munique e Sachsenhausen(No Blog da Cláudia Liechavicius) próximo a Berlim.
Embora não tenha sido um campo de extermínio, a exemplo de Auschwitz, na Polônia, e Dachau perto de Munique onde existiam câmaras de gás, o campo de Concentração de Buchenwald era um campo de trabalhos forçados e voltado para a produção de armamentos, funcionou de Julho de 1937 até ser libertado pelo exército norte-americano, em 11 de Abril de 1945, tendo recebido mais de duzentos e cinquenta mil detentos vindos de cerca de 36 países, sobretudo oposicionistas do regime nazista, judeus, ciganos, homossexuais, prisioneiros de guerra soviéticos e criminosos.
Estima-se que cerca de 56 mil prisioneiros foram assassinados violentamente e de forma arbitrária pelos soldados da Schutzstaffel (SS) ali mesmo ou morreram vítimas de fome, frio ou doenças. Quando o campo foi libertado pelos americanos a libertação foi presenciada por apenas 21 mil prisioneiros. Os outros já haviam sido evacuados pelos nazistas ou deportados para os campos de extermínio.
Mas enfim como é que tudo isso pode acontecer, onde estava a igreja católica? o Papa Pio XII? Será que os alemães realmente não sabiam o que acontecia nestes lugares?? Visitando um lugar como esse é que vem a sua cabeça essas perguntas que até hoje nunca foram bem respondidas, e mais mesmo com todo o sofrimento vivido pelos judeus durante a segunda guerra mundial, será que isso legitima a criação do Estado de Israel e justifique eles fazerem o que fazem com os Palestinos hoje?
Enfim perguntas sem respostas, mas para ajudar a entender o que permitiu tal atrocidade é preciso olhar para a história.
Encontrei um texto muito interessante no site da Deutsche Welle que quero compartilhar e que ajuda a entender um pouco o que levou ao Holocausto. (Se que que isso é possível?!)
1939: Programa Nazista de Extermínio
Depois que a burocracia alemã do “Terceiro Reich” executou as medidas de desapropriação e concentração dos judeus, o regime nazista chegou a um ponto crítico. Qualquer passo adiante significaria o fim a existência do judaísmo na Europa ocupada. No jargão nazista, a superação desse limite era descrito como a “solução final da questão dos judeus”.
Na verdade, a expressão “solução final” era um eufemismo para a palavra “morte”. O objetivo era matar todos os judeus e pessoas “não arianas”, que aos olhos dos algozes nazistas eram vidas “indignas de serem vividas”.
Em 1º de Setembro de 1939, Adolf Hitler assinou um decreto autorizando os médicos e psiquiatras a concederem o que chamavam de “morte de misericórdia” a doentes incuráveis, deficientes mentais e físicos. Esse programa de “eutanásia” atingia ainda todos os cidadãos judeus na Alemanha, e com o tempo da Europa.
Uma das testemunhas dessa máquina mortífera, o tenente Peter von der Osten, lembra que “não se ouviam nem gritos nem tiros. Eles (os judeus) eram impelidos para a morte pelos alemães, mas sem gritos. Pode-se dizer que pairava no ar um silêncio de morte, algo muito deprimente”.
A partir da tomada do poder pelos nazistas, os judeus passaram a ter uma existência “fantasma” na Alemanha. Diariamente, eram decretadas novas proibições e manobras maliciosas. O sobrevivente berlinense Hans-Oskar Löwenstein lembra que os nazistas confiscaram quase todos os pertences dos judeus: telefones, rádios, toca-discos, máquinas fotográficas.
“O único equipamento que se podia usar eram os óculos. A água quente foi bloqueada e o acesso aos elevadores e até mesmo às sacadas de frente para as calçadas. Nas cozinhas, os fogões a gás e elétricos foram lacrados. À disposição dos judeus residentes no seu edifício ficaram apenas dois fogões a gás e dois fervedores elétricos. Era, portanto, uma situação terrível. Peixes de aquário, flores, plantas ornamentais, tudo era proibido para os judeus.
O “programa da eutanásia” abrangeu três operações: matança de cinco mil portadores da síndrome de Down e crianças deficientes físicas em orfanatos; fuzilamento ou morte nas câmaras de gás de 70 mil adultos, entre eles deficientes físicos e mentais; ampliação da máquina de extermínio, inicialmente planejada somente para a Alemanha, aos territórios ocupados da Polônia.
A sobrevivente Rozele Goldstein não consegue esquecer os horrores do Holocausto: “Eu realmente não tinha esperanças de sobreviver. Quando estava uns cinco minutos deitada na vala, pensei que a morte ainda viria. Só notei que ainda estava viva quando ouvi os assassinos indo embora cantando, bêbados”.
Extermínio geral
O policial Jouzaz Maleksames defende-se ainda hoje da acusação de haver participado do extermínio de judeus na Letônia. “Não nos preocupamos com os judeus; isso não nos interessava. Não ouvimos nada a respeito do fuzilamento de judeus, ciganos ou civis”, diz.
Os carrascos nazistas, porém, eram solícitos quando recebiam ordens de seus superiores, não importando se vítimas eram crianças, mulheres ou homens recolhidos em hospitais ou clínicas psiquiátricas ou se, além disso, eram judeus, ciganos, homossexuais ou simplesmente “não arianos”. Segundo o soldado Reinhold Emmer, “era impossível opor-se às ordens superiores”.
Deportações
As deportações para os campos de concentração do Leste Europeu corriam a todo vapor desde o início da guerra. Trens cheios de passageiros dirigiam-se para Auschwitz, Treblinka, Dachau, Sobibor ou Buchenwald. As câmaras de gás funcionavam sem cessar. Já na rampa de desembarque, os médicos nazistas examinavam os deportados que chegavam nos trens superlotados. Idosos, crianças, doentes e pessoas frágeis eram mandados diretamente para as câmaras de gás ou comandos de fuzilamento.
Quem conseguira suportar o esgotamento físico da viagem era submetido a trabalhos forçados. Anãos, gêmeos e deficientes físicos que chamassem a atenção do médicos eram selecionados para experiências genéticas e morriam em conseqüência da brutalidade dos testes de laboratório.
Enfim é quase inimaginável viver num mundo onde isso ocorresse de forma tão natural como era para os Nazistas.
O primeiro comandante do campo de Buchenwald foi Karl Otto Koch, cuja segunda mulher Ilse ficou conhecida como “A bruxa de Buchenwald” (Die Hexe von Buchenwald), uma das figuras mais cruéis do Holocausto.
Uma das coisas que mais me chamou atenção quando visitei o lugar pela primeira vez as ruínas de pequeno zoológico, destinado a entreter os militares e suas famílias na época, detalhe os animais ali do lado de fora da cerca que cercava o campo eram muito melhor tratados que os serem humanos do lado de dentro.
Para dizer a verdade crueldade dos nazistas está até mesmo no lema deste campo, que permanece até hoje no portão principal diz Jedem das seine (A cada um o seu), aos moldes do lema de Auschwitz Arbeit Macht Frei (Trabalho Liberta).
Matanças massivas de prisioneiros de guerra ocorreram em Buchenwald e muitos prisioneiros morreram como resultado de experiências médicas, entre eles experimentos conduzidos por médicos da SS sob orientação de Josef Mengele, que fugiu após a guerra e morreu no Brasil e era chamado de Anjo da Morte ou foram ainda vítimas de atos perpetrados pelas SS.
O campo de Buchenwald foi também local do teste ilegal em grande escala de vacinas contra a epidemia do tifo em que dos 729 prisioneiros utilizados como cobaias humanas 154 morreram. Outros experimentos ocorreram em Buchenwald como um experimento como objetivo determinar a dose fatal precisa de um veneno do grupo alcalóide, que de acordo com o registos, foi aplicado em prisioneiros de guerra russos, quando ele não provava ser fatal, estes prisioneiros eram estrangulados no Crematório e, posteriormente, dissecados. Este é apenas um dos muitos exemplos de experiências médicas realizadas ali.
O campo foi em grande parte evacuado pelos Nazistas à medida que as tropas aliadas se aproximavam de Weimar e foi finalmente libertado pelas tropas do 3° Exército estadunidense em 11 de Abril de 1945, sem quase resistência alguma.
Como escreveu Bruno Apitz, autor do célebre livro Nackt unter Wölfen (Desnudo entre lobos) após a libertação do campo de concentração de Buchenwald “Eu vi lágrimas nos olhos dos soldados americanos, quando eles entraram pela primeira vez no inferno que era o pequeno campo”.
Em barracas antes usadas como estábulos para cavalos, chegaram a viver ali, espremidas, 20 mil pessoas, a maioria judeus, sob as mais horríveis condições de higiene, subnutridas, doentes e sem atenção médica.
Bem boa parte do campo de concentração se perdeu no decorrer da história porém um dos lugares tristes é o prédio onde fica o crematório, imaginar que milhares de pessoas foram incineradas naqueles fornos industriais é algo realmente muito tocante e deprimente.
No final de nossa visita ao campo passamos pelo monumento O prisioneiro 87900 – O monumento de autoria do arquiteto norte-americano Stephen B. Jacobs, que esteve quando pequeno campo em 1945, ano em que terminou a guerra. Com cinco anos na época, Jacobs foi levado de Auschwitz com seu pai e seu irmão para Buchenwald, recebendo o número de prisioneiro 87900.
Construído com pedra da colina Ettersberg, no topo da qual está situado o campo de concentração de Buchenwald, o monumento é um projeto conjunto do Memorial de Buchenwald e da “United States Comission for the Preservation of America’s Heritage Abroad”. Financiado com 100 mil dólares de donativos coletados nos EUA, a mesma importância de parte do governo federal alemão e uma contribuição do Estado da Turíngia.
Entre varias pessoas que foram colocadas no campo e tratadas como aninais existem pessoas célebres na época ou que após a libertaçao do campo ainda fizeram muita coisa pela humanidade, muitos deles acabaram perdendo suas vidas, entre tantos outros. Nao importava nem mesmo se voce fosse filha e esposa de vitor emanuelle III, rei da Itália, ambas foram mortas em Buchenwald.
Dentre pessoas “célebres” que estiveram no campo temos vários ganhadores de premios nobel, de literatura, da Paz além de atores, músicos, arquitetos, escritores, políticos, generais, aviadores, primeiro ministros da frança, Bélgica e Holanda, Pastores, enfim todos que se opunham aos ideais de hitler. Até mesmo o pai da Curta, uma calculadora mecanica de Bolso, que só passou a ser substituída pelas calculadoras eletronicas no inicio da década de 1970.
Mas a história de Buchenwald tem uma segunda história de horror, menos conhecida, um capítulo sobre o Estalinismo em que funcionou como campo especial soviético.
Entre 1945 e 1950, Buchenwald foi usado pela administração soviética como “campo especial nº 2”. Lá foram internados 28 mil adeptos e funcionários do regime nazista, dos quais cerca de sete mil não sobreviveram ao cárcere, tudo bem que de uma forma ou de outra estas pessoas até mereciam sentir o outro lado da moeda, mas violência por violência nem sempre é a melhor opção.
O relógio na sua torre mostra aos visitantes o horário das 15:15h, momento da libertação pelas tropas norte-americanas, quando se iniciou o resgate de 21 mil pessoas, entre as quais 900 crianças.
Atualmente, o que resta do campo preservado constitui-se num memorial dedicado às vítimas de seu passado, sob a administração da Fundação de Buchenwald.
Atualmente Buchenwald é visitado por meio milhão de pessoas por ano. Um quarto dos visitantes vem do exterior. Muitos desses visitantes são parentes de vitimas que pereceram neste lugar de horror no meio da floresta de Buchenwald que outrora era visitado por Goethe e Schiller.
Tenho que confessar que uma visita a um campo de concentração assim logo na chegada na Alemanha não é algo tão divertido,deprimente para dizer a verdade, mas é importante para que isso não aconteça novamente, conhecer a história é fundamental para que erros do passado se repitam.
A Alemanha desde entao mudou muito, já pagou um altissimo preço pelas atrocidades do passado, mas nada disso é justificavel, os alemães carregarram para sempre esta página negra em sua história.
Seguimos então viagem para Wittenberg e Potsdam.
Impressionante e muito triste.
É horrível só de imaginar o sofrimento de todas as vitímas desse regime tão cruel e nefasto, que foi o regime nazista.
Maria
Sem dúvida um dos capítulos mais nefastos da história da humanidade e que esperamos que jamais se repita novamente
Obrigado pela visita
A historia mais fascinante que existiu no mundo, apavorante isso tudo, ate pra mim que amo uma boa historia de terror…
é tranquilo chegar ao local de carro saindo de Frankfurt? Digo, complicação na estrada etc?
Bom dia, estou chegando em Frankfurt semana que vem e gostaria muito de ir até Weimar visitar o campo de concentração, sera que consigo fazer em um dia alugando um carro em Frankfurt?? eu e mais duas pessoas. é tranquilo dirigir por ai? Obrigado e parabéns pelo blog 🙂
imagine isso nos dias de hoje
apesar de tudo que foi vivido no passado a humanidade està de olhos fechados para o presente e futuro nas sircustâcias atuais pode nascer um novo adolfo hitler…