Depois de um passeio super agradável durante parte da manhã e início da tarde em Governors Island e tendo em vista que desde nossa última ida ao Brasil não íamos a um restaurante alemão, esta seria uma opção gastronômica interessante para conhecer em Nova York.
Aceitamos a sugestão do Scott e acabamos optando em ir a um Biergarten em vez de irmos a um restaurante alemão tradicional. Onde além de poder comer um Bratwurst e algum outro prato típico alemão ainda poderíamos tomar aquela cervejinha gelada ao estilo dos Biergärten de Munique. A idéia caiu feito uma luva, uma vez que quase nos acabamos pedalando aquele quadriciclo ao redor da Governors Island sob calor de mais de 30ºC.
Pegamos o carro e seguimos em direção ao bairro de Astoria para os lados do Queen’s, onde se localiza o Bohemian Hall and Beer Garden. Ao chegamos ao Bohemian Hall, tivemos um pouco de dificuldade para achar lugar para estacionar, o local estava super cheio.
Esta certo que se não estivéssemos de carro muito provavelmente não teriamos ido até lá, pois de carro do Sul de Manhattan com pouco trânsito pelo caminho até lá foram quase meia hora de viagem.
Apesar da distância, tenho que dizer que valeu a pena. Logo na entrada, vimos uma limosine enorme desembarcando um grupo de amigos. Coisas de Nova York. Assim que entramos no local também descobrimos que o local este ano esta comemorando seu centésimo aniversário de existência.
Desde 1910, Bohemian Hall é parte da história da cidade de Nova York. E desde sua abertura foi administrado pela “Bohemian Citizens Benevolent Society of Astoria“, uma associação beneficente de Astoria, dedicada à educação e à preservação das comunidades Checa e Eslovaca na região.
Comunidade esta que surgiu na região de Astoria no Queens no final de 1800, quando muitos checos e eslovacos principalmente da região da Bohemia emigraram do antigo império Áustro-Hungaro para a América.
Para quem nunca ouviu falar: Bohemia é uma região da República Tcheca na fronteira com a Bavária na Alemanha que além de famosa pela produção de cristais de altissima qualidade, também tem grande tradição na produção de cervejas.
Afinal de contas foi na cidade de Pilzen que foi inventada, por volta de 1840, a cerveja do tipo Pilsen que consiste num tipo de cerveja de baixa fermentação de cor clara e baixa opacidade fabricada com maltes especiais.
Porém na verdade o conceito de Biergarten surgiu na Bavária, no século 19, durante o qual a cerveja fermentada e escura era a única disponível. De acordo com um decreto do rei Luís I, a cerveja deveria ser fabricada durante os meses frios do ano, uma vez que a fermentação deveria ocorrer em temperaturas entre quatro e oito graus Celsius. (é engraçado imaginar que o Rei nesta época controlava a produção de cerveja).
Como na época não existiam refrigeradores. Para fornecer essa cerveja durante o Verão, as cervejarias contruíram grandes adegas escavadas às margens do Rio Isar. Assim podiam armazenar a cerveja e pela sua proximidade ao rio mantinham a temperatura desta mais baixa. Para reduzir ainda mais a temperatura da adega, plantavam-se árvores de castanha, uma sapindácea da do gênero Aesculus que produzem uma excelente sombra durante o verão.
Algum tempo depois, sob a sombra destas adegas das cervejarias, passou também a se servir a cerveja. Mesas simples e bancos foram colocados entre as árvores, criando o que hoje chamamos de Biergarten. Uma área ao ar livre, onde são servidos a cerveja e comida alemã.
Os Biergärten logo se transformaram em uma popular atividade de verão entre os cidadãos de Munique, que logo se espalhou por todo o Sul da Alemanha e até a Bohemia. E hoje é possíivel encontrar este tipo de local em muitos locais pelo mundo. Inclusive em Nova York.
Mas para um Biergarten ser original de verdade a sombra deste tem que ser invariavelmente ser produzida apenas pelas árvores. Este Biergaten em Nova York ficou devendo neste quesito, apesar de ter várias árvores, a maioria delas Tílias, no local haviam diversos Guarda Sóis para este fim. Nos Biergarten de Munique você dificilmente vê guarda-sois debaixo da sombra das árvores.
A música também ficou abaixo das espectativas, nada de bandinha alemã e sim uma banda tocando Rock, mas pelo visto foi o dia em que estivemos visitando o local. Se a banda de rock ainda pelo menos fosse boa tudo bem.
Com uma ampla variedade de cervejas, acabei optando por uma Weissbier Franziskaner original alemã, acabamos pegando de aperitivo uns Bratwurst’s e para prato principal algo parecido com um Kassler e um Schnitzel. Como este é um Biergarten mais Tcheco do que Bávaro o cardápio tem mais opções eslavas do que bávaras como Goulash por exemplo.
Um típico Biergarten Bávaro geralmente serve o Radi (rabanete), Brezen, Halbes Brathähnchen (metade de um frango grelhado), Schwein Hax’n (joelho de porco) e Steckerlfisch (peixe grelhado).
De toda forma a comida não estava ruim, mas também não era uma maravilha. Valeu a pena pela cerveja gelada e pela confraternização. Por falar em confaternização, duas amigas brasileiras do Diego que moram em Astoria foram nos encontrar no local.
Embora não seja um autêntico Biergarten Bávaro, deu para se sentir como se estivéssemos em um Biergarten na Alemanha, quero dizer República Tcheca.
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