Bay of Islands: Um paraíso subtropical na Nova Zelândia

Localizada na região de Northland à cerca de 230 km ao norte de Auckland. Bay of Islands é um dos destinos de férias bastante popular entre os kiwis e aqueles que procuram velejar, pescar e mergulhar na Nova Zelândia. Com clima subtropical e dotada de uma costa recortada com mais de uma centenas de praias praticamente desertas. Como o próprio nome da região sugere, o que não faltam em Bay of Islands são ilhas e pequenas baías. Fazendo de toda essa região no nordeste da Nova Zelândia, um verdadeiro playground para atividades náuticas.

Bay of Islands foi a primeira região da Nova Zelândia a ser colonizada por imigrantes europeus na segunda metade do século XVIII. Qualquer visita à região se torna também um passeio de cunho histórico, principalmente quando se visitam as pequenas, simpáticas e históricas cidades de Russell e Kerikeri ou mesmo o Waitangi Treat Grounds em Paihia.

Embora a melhor forma de explorar as belezas desta região seja velejando, como não temos um veleiro e não conhecemos nínguem que tenha um na região para nos convidar para um passeio, o jeito e explorar um pouco das belezas da região de carro mesmo. Até porque, essa é a realidade da grande maioria das pessoas que visitam esta região.

No período em que vivemos na Nova Zelândia, visitamos Bay of Islands em pelo menos 5 oportunidades diferentes e o que vimos por lá nunca nos decepcionou e com certeza, poderíamos, e ainda pretendemos, voltar outras muitas vezes.

Saindo de Auckland e seguindo em direção ao norte da Nova Zelândia pela Motorway SH01 depois de aproximadamente 2 horas e pouco de estrada, chegamos em Whangarei. Whangarei, cuja pronúncia é Fangarei é uma cidadezinha com aproximadamente 52.000 habitantes, que faz dela a 12^a maior cidade da Nova Zelândia e ostenta o título de cidade mais importante de Northland.

Embora nunca tenhamos ido exclusivamente para Whangarei para visitar a cidade, quase todas as vezes que viajamos para o Norte da Nova Zelândia acabamos passando pela cidade e conhecendo algo novo.

Como qualquer outra cidade do interior da Nova Zelândia, Whangarei combina um mix arquitetônico que mistura arquitetura colonial com exemplos de arquitetura moderna. Dentre suas principais atrações de Whangarei temos o Mount Parahaki, que além de ponto mais alto da cidade, no passado serviu como o maior vilarejo fortificado Maori (Maori Pa) de toda a Nova Zelândia.

Outra atração interessante em Whangarei é o Town Basin no waterfront da cidade onde, além da belíssima arqueitetura colonial, encontramos vários restaurantes, e outras opções de entretenimento como museus, galerias e cafés.

Saindo de Whangarei e seguindo adiante pela SH 01, a próxima parada à cerca de 45 minutos adiante é a pequena Kawakawa. Acabamos entrando e descobrindo a cidade apenas em uma de nossas últimas incursão pela região de Bay of Islands. Já que na maioria das vezes, acabamos passando batido por sua entrada durante a noite no caminho para nosso hotel em Paihia em nossas viagens de final de semana à partir de Auckland.

Kawakawa é cidadezinha de menos de 2000 habitantes e que foi a casa do renomado artista austríaco Friedensreich Hundertwasser entre 1975 até sua morte em 2000. E é, justamente em Kawakawa que encontramos sua única obra construída no hemisfério sul. Por sinal, sua última obra construída durante sua vida, o banheiro público de Kawakawa. Apesar de nada glamuroso, este banheiro público talvez seja um dos banheiros mais famosos e talvez fotografados do mundo.

O fato é que, no futuro, existe um projeto de construir em Whangarei um centro de artes inspirado na obra do artista que passou seus últimos 25 anos de vida no norte da Nova Zelândia.

Deixando Kawakawa e seguindo adiante em nosso tour por Bay of Islands, chegamos a simpática Paihia. Com águas calmas e praias praticamente desertas, Paihia é um excelente lugar para se hospedar e explorar a região de Bay of Islands. Tanto que foi lá que ficamos hospedados na maioria das vezes que estivemos pela região de Bay of Islands.

Paihia é uma cidadezinha bem turística, repleta de pequenos cafés e restaurantes. E de onde saem vários passeios pela região. O mais famoso deles é o passeio de barco que te leva nadar com os golfinhos e visita o Hole in the Rock na Motukokako Island.

A chance de ver golfinhos ou baleias nesse passeio é tão alta que a empresa que oferece o passeio garante que você vê golfinhos e / ou baleias.  Se por acaso eles, os cetáceos, não resolverem dar o ar da graça no dia do seu passeio,  a empresa dá outro ticket para o passeio no dia seguinte.

Outro tipo de passeio bastante popular na região de Bay of Islands são os passeios de barco para pesca esportiva. Bay of Islands é considerada um dos melhores lugares para a pesca esportiva na Nova Zelândia. Especialmente para a pesca do Snapper e Kingfish.

Além disso, existem outros passeios interessanates como o passeio de Kayak e mergulho com cilindro em alguns e naufrágios e algumas ilhas off shore um pouco mais remotas.

Atravessando uma pequena ponte de madeira a cerca de 3 km ao norte de Paihia, chegamos ao Waitangi Treaty Grounds. Considerado um dos locais históricos de maior importância da Nova Zelândia, foi nesta área onde Maoris e Europeus reuniram-se para a assinatura do controverso Tratado de Waitangi em fevereiro de 1840.

Assinado pelos representantes da coroa inglesa e um pequeno número de chefes da confederação das tribos Māori da Nova Zelândia. O tratado de Waitangi foi assinado em duas versões. Uma em inglês e outra em maori. O texto do tratado é pequeno, com apenas três artigos. O primeiro artigo garante a soberania da Rainha de Inglaterra sobre a Nova Zelândia em troca da defesa do país pelo então império britânico. O segundo, garante aos chefes tribais a continuidade das tribos (Iwi) e a posse das suas terras e tesouros. E o terceiro artigo, garante a todos os Māori os mesmos direitos e deveres que os colonos britânicos perante a lei.

Porém como as versões em inglês e em māori não são exatamente idênticas, diferentes interpretações ainda hoje provocam conflitos entre os maoris e pakehas (em maori = os descendentes dos britânicos). Enfim, hoje no local existe uma espécie de mini museu falando sobre o tratado de Waitangi, que vale a pena conhecer. Isso sem falar que o local tem uma paisagem linda!

Seguindo de carro adiante por uns 5 km de estrada de chão batido, encontramos Haruru Falls. Haruru que em maori significa “grande barulho” é uma bela cachoeira em formato de ferradura com uns 15 metros de altura. No início do século XVIII, mais de 100 famílias Maoris viviam as margens do Rio Haruru que flui da cachoeira em direção o mar em Waitangi (Ponte de madeira que atravessamos para chegar ao Waitangi Treaty Grounds).

Segundo a mitologia Maori, um Taniwha (monstro da água) vive na lagoa formada logo abaixo Haruru Falls. Com monstro ou não, muita gente aproveita essa curiosa formação geológica para passear de kayak entre o mar/baía até pertinho da cachoeira durante o verão. Por sinal se você tiver tempo e curte caminhadas, há uma excelente trilha de 2,5 – 3 km, em cada sentido, ligando as quedas ao Waitangi Treaty Grounds. Boa parte dela é uma plataforma elevada sobre manguezais, que garantes ótimas oportunidades para quem aprecia fazer Birdwatching.

Continuando o passeio por Bay of Islands seguimos em direção à simpática cidadezinha de Kerikeri. Kerikeri era a casa do temível Hongi Hika, um chefe maori que aterrorizou várias outras tribos maoris em toda a ilha norte da Nova Zelândia no início so século XVIII. No entanto, diz a lenda que ele era “simpático” com a causa dos missionários religiosos ingleses, os quais aparentemente forneciam armas de fogo a ele, e que fomentou a maori land wars e que como contrapartida permitiu que Samuel Marsden estabelecesse a segunda missão anglicana da Nova Zelândia na região.

Ao longo da estrada para Kerikeri (Highway 10 e Kerikeri Road), existem inúmeras fazendas e pomares de frutas que vendem suas deliciosas laranjas, kiwis e abacates diretamente da fazenda. Mas um local que você não deve deixar de parar é a Makana Chocolate Factory. Embora os preços não sejam dos mais simpáticos, os produtos são uma delícia e você sempre ganha uma amostrinha para provar. Como a região também é uma das maiores produtoras de macadâmias do país, os chocolates com macadâmia, são especialmente deliciosos. Meu favorito é o Macadâmia Shot Bread com chocolate.

Em Kerikeri, além de um centrinho com vários cafés e lojinhas interessantes, não deixe de conhecer a Stone Store, a construção de pedra mais antiga da Nova Zelândia, assim como a adjascente Kemp House. Foi nesta área, na foz do Kerikeri River que ficava a missão de Samuel Marsden.

Para quem curte caminhada, siga pela Kerikeri Walkway até a Rainbow Falls, uma cachoeira muito bonita de aproximadamente 30 metros de altura. Você pode chegar mais perto de carro (S 35 12.825 E173 56.648) se não estiver com tempo ou afim de caminhar muito.  Com tempo na região você ainda pode explorar um pouco mais das inúmeras baías e praias do Te Puna e Kerikeri Inlets.

Tendo um ou dois dias extras em Bay of Islands, você deveria considerar também uma ida ao Cape Reinga no extremo norte da ilha norte da Nova Zelândia. Falei sobre Cape Reinga neste post aqui. Pelo caminho opte pelo caminho pela SH 10 e entre em direção a Matauri Bay, uma baía fantástica com vista para as ilhas de Motukawaiti e Motukawanui. Podendo cacifar um hotel chique, passe pelo menos uma noite no Kauri Cliffs, considerado um dos hotéis mais luxuosos da Nova Zelândia. O visual dele é absolutamente espetacular e se você joga golfe o campo de golfe do Kauri Cliffs é provavelmente um dos mais bonitos do país.

Voltando para Paihia: Para o caminho de volta para Auckland, recomendo atravessar o ferry entre Opua e Russell. A travessia do ferry é rápida, cerca de 15-20 minutos, e encurta a viagem em quase 60 km e desta forma, podemos conhecer Russell.

Russell foi a primeira capital da Nova Zelândia. A cidade é uma graça e repleta de construções em estilo vitoriano. Há alguns cafés e restaurantes na cidade. Dentre eles , eecomendamos o café da manhã do Waterfront Café.

Depois de devidamente alimentados, é hora de pegar a estrada no sinuoso caminho de volta para Auckland viajando o mais próximo possível da costa e passando por centenas de pequenas baías de águas azuis turquesa.

Pelo caminho você invariavelmente irá fazer inúmeras paradas para fotos em lugares como Dicks Bay, Waipiro Bay, Helena Bay, Wooleys Bay entre outras. Em Helena Bay, não deixe de conhecer este café/galeria. Além de um visual fantático da costa, eles vendem alguns dos artesanatos/obra de arte mais bonitos de toda a Nova Zelândia.

Quanto mais ao sul se vai dirigindo, mais dramática ficavam as paisagens. Uma das últimas baías que você pode passar antes de retornar para a SH01 é a Tutukaka Harbour, já quase na altura de Whangarei.. É dali que partem os passeio e os mergulhos em Poor Knights. Considerado um dos melhores points de mergulho subtropical do mundo, como já falei nesses posts aqui e aqui. Se você mergulha, passe uma noite aqui. Garanto que você não irá se arrepender.

Seguindo viagem adiante, um pouco antes de chegar em Whangarei vale à pena fazer uma rápida parada na Whangarei Falls. A Whangarei Falls é uma cachoeira de aproximadamente 30 metros de altura e que possui 3 plataformas de observação e 2 trilhas para quem curte caminhada.. Acabamos fazendo apenas a Whangarei Falls Loop, uma trilha de aproximadamente 30 minutos (1 km). A mais longa chamada de Sands Road Loop leva aproximadamente 3 horas e tem cerca de 5 km de extensão.

E mais 2 horinhas de estrada, estamos de volta em Auckland. Pelo caminho, se tiver tempo e for antes das 16:00 recomendo dar uma paradinha em Puhoi, no único assentamento de colonos da Bohemia na Nova Zelândia. Lá fica a Puhoi Valley Cheese Factory que produz queijos maravilhosos para fazer um wine and cheese num pic-nic na continuação de sua viagem. Falei sobre Puhoi aqui. Por sinal o sorvete e os iogurtes deles também são excelentes.

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